segunda-feira, 27 de abril de 2020

[Exercícios - Expressões] Voto de Abstinência em Matéria de Opinião

Voto de Abstinência em Matéria de Opinião
[coletar outros modos de dizer]

Sentido Comum

  • Abster-se de ter opiniões é um dos pontos mais frisados pelo Olavo ao longo das aulas - e desde o começo. 
  • Complicações
    • 1- Geralmente a complicação é a seguinte: se de um lado Olavo recomenda não ter opiniões, de outro estudar um conteúdo diferente implica entrar em conflito com as opiniões vigentes, de modo que o aluno fica sem saber se deve engatar numa discussão, fugir dela ou participar só por curiosidade, sem intenção de ganhar. O primeiro parece ferir o exercício, o segundo gera a complexidade de "faltar com a verdade" [geralmente usam uma suposta citação de Dante, "no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos difíceis", ou, complementarmente, Pôncio Pilatos], o terceiro requer muito auto-controle porque causa um estresse desgraçado.
    • 2- Essa proposta parece ser auto-contraditória: se uma pessoa deve falar com a própria voz, isso não implicaria ter ideias próprias? E ideias próprias não são opiniões? Então como fazer o exercício da própria voz sem emitir opinião, ainda que seja para si próprio? Mas ele também diz que devemos ser uma "metamorfose ambulante", e mudar de opinião com frequência, o que parece indicar que não é propriamente não ter opinião, mas sim ter milhares, deixar que as ideias surjam e desapareçam e evoluam, em paralelo com a aquisição de conhecimento.
Sentido Extra
  • Percebi na aula 510 e no ensaio "Introdução a um exame de consciência" em que Olavo introduz Carpeaux no compilado de ensaios deste pela Topbooks que parece haver um sentido a mais nessa proposta. Esse sentido é o seguinte: alta cultura parece ser ter várias opiniões sobre um tema de modo que, visto por um observador externo, você pareça estar se contradizendo, mas, na verdade, você está apenas expondo aspectos diferentes do problema.
  • Complicações
    • 1- Essa ideia é obviamente esquisita, então vou expor um exemplo meu. Se vem alguém de esquerda me falar mal de evangélicos, como aliás tem aos montes, é puro clichê já, eu retruco e o ataco, de modo a parecer que eu sou a favor de evangélicos. E quem me vê aí, pensa até que sou evangélico. Se, porém, um evangélico atacar outro grupo, como católicos, diante da questão das imagens, eu o retrucaria com a mesma chama de acordo com o que sei de verdadeiro sobre o assunto, e, para ele, eu seria católico. Se, porém, um católico me vem falar mal de ateu, do mesmo modo eu posso retrucá-lo justificando por que alguém vira ateu na sociedade da gente, seja no geral, seja no caso particular em que conversemos. E, para o católico, igualmente que lhe parecerei ateu ou hostil à religião. E na verdade o que eu sou? Ser e ter opinião se confundem na imagem comum, é o que Olavo chama de "vestir-se de opiniões", ou "depender delas para formar sua auto-imagem". E então você volta à pergunta: "e o que você é?" Ora, eu sou a pessoa que sabe disto, disso e daquilo. "Mas o que você é?" E importa?
    • 2- Esse desenvolvimento dialético [?] é a base, parece, da educação, mas é esquisito, e difícil de desenvolver. Eu não tenho conhecimentos suficientes para afirmar com força, mas parece ser o que Agostinho fala em confissões no Livro III capítulo 7, onde ele descreve que a lei de Deus é a Justiça, e que as nações cada qual se baseiam de acordo com o tempo e suas características próprias. Na aparência, as leis mudam, mas a fonte do "Justo" é a mesma, e é só retornando a ela progressivamente que é possível julgar. É análogo ao caso da Complicação 1: "Se omito todas estas opiniões, o que eu sou?" A fonte é a mesma (eu), mas parece contraditório. Parece algo similar, pelo pouco que entendo, às ideias de Platão, isto é, uma fonte estática, o geral, a partir da qual os particulares se formam, cada qual a seu modo, mas feitos "à imagem e semelhança" da fonte. Para chegar a isso é preciso treino, não sei do quê, mas Olavo propõe que comecemos com ele: ao invés de julgá-lo pela opinião A que ele expressa, o que nos fará ter uma opinião X de que ele "é" A, precisamos nos abster para, pelo exemplo dele, entender o que é esse jogo dialético, o que é esse tipo de pessoa que tem essa "fonte" da qual as opiniões são só aparência.
Leituras auxiliares
  • Eu me recordo de ter começado a enxergar essa questão no Mênon, diálogo de Platão. Foi como se um interruptor tivesse acionado na técnica que Sócrates vai usar diante do Mênon. Mênon, que era grande "professor" (sofista) que discursava sobre virtude, ao ser questionado por Sócrates, propõe que virtude varia de acordo com gênero, idade etc., então a virtude do rapaz é diferente da mulher, e esta diferente do homem bebê, que é diferente da do homem velho. E faz sentido, não faz? Mas, e o que é Virtude? Isto é, existe uma coisa que está contida e gera todas essas "virtudes particulares", isto é, existe uma "fonte"? E que se você aprende o que é e adquire essa Virtude, você será virtuoso, independente de gênero e faixa etária? Leiam e descubram. Eu não lembro.
  • Confissões de Santo Agostinho, no Livro III Capítulo 7. (e livro III em geral)
  • Aula 510 do Olavo, na parte das perguntas em que ele vai falar da técnica de Hegel e como isso passou para Marx, e como gerou a situação presente.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

[Geral] Índice das aulas do COF


  • Aula 512 [média de 1 hora; 04/04/2020] - A literatura e o desenvolvimento da capacidade de julgar situações humanas, que é a matéria fundamentante de qualquer curso de Humanidades
    • Livros/Autores Principais Citados na Exposição:
      • [1] 01m18 - Étienne Souriau [O livro não foi citado; eu chutaria ser As duzentas mil situações dramáticas; mas esse livro, parece, nem de longe esgota o conjunto da intenção de sua obra]
      • [2] 11m30 - Jorge Andrade, dramaturgo brasileiro
      • [3] 12m08 - Carla Camurati e seu filme sobre Dom João VI [possivelmente Carlota Joaquina, Princesa do Brazil]
      • [4] 17m09 - Raimundo Faoro, Os donos do poder
      • [5] 17m22 - João Camilo de Oliveira Torres
      • [6] 17m42 - Paulo Mercadante - A consciência conservadora no Brasil
      • [7] 22m54 - Cantos do Ezra Pound
      • [8] 28m57 - Sara Winter [possivelmente o documentário A Vida de Sara, mas também seu trabalho informativo em geral]
      • [9] 37m36 - Eugenio Corti - "Processo e morte de Stálin"  [tradução livre do italiano "Processo e morte di Stalin"]
      • [10] 44m38 - filme: O Silêncio dos Inocentes
    • Livros/Autores Principais Citados nas Perguntas:
      • [11] 54m19 - Antônio Callado [provavelmente o livro Quarup], Carlos Heitor Cony [eu chuto que é o Pesach: a travessia]
      • [12] 55m04 - Leopold Szondi, Jung, Freud [a referência literária deles é gigantesca; e por isso são grandes psicólogos]
      • [13] 56m08 - Aquilino Ribeiro
      • [14] 57m27 - Cruz e Sousa
      • [15] 58m02 - Augusto Meyer
      • [16] 58m21 - Alfonso de Guimarães Filho [um tremendo poeta, não muito reconhecido, mas melhor do que Drummond]
      • [17] 58m31 - Carlos Drummond de Andrade
      • [18] 59m30 - Lima Barreto - Numa e a ninfa
      • [19] 59m43 - Ciro dos Anjos - Montanha
      • [20] 01h01m03 - Machado de Assis - O Velho Senado
    • Breve Apreciação
      • A aula se encaixa nas temáticas de Literatura e de Política, mostrando a relação entre ambas e a necessidade da primeira para se ter pleno domínio da segunda. Do mesmo modo, entre Literatura e Moral, ou senso de orientação de como lidar com as situações da vida.
    • Obras do Olavo Úteis
      • Principalmente Aristóteles em Nova Perspectiva e Dialética Simbólica: estudos reunidos.


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Senso das Proporções

Reciprocidade e Bilateralidade Atributiva

Página principal

Paralaxe Cognitiva

Palavrões

Ora, Porra!

Milagre

Mapa da Ignorância

Inversão Revolucionária

Horizonte de Consciência

Hexagrama 36

Círculo de Latência

Conhecimento por Presença

A Teoria dos 4 Discursos

Postagem em Destaque

Sobre Este Blog e Categorias Principais

Sobre o Blog: O presente blog tem como objetivo organizar um pouco das informações esparsas sobre a obra do professor e filósofo Olavo de ...