sexta-feira, 19 de junho de 2020

Sobre Este Blog e Categorias Principais

Sobre o Blog:

O presente blog tem como objetivo organizar um pouco das informações esparsas sobre a obra do professor e filósofo Olavo de Carvalho a fim de torná-las mais inteligíveis e, assim, úteis para os que se interessem por se debruçar sobre sua obra.

Apesar da proposta ser ousada - devido à extensão da obra - o blog está até o momento (19-06-20) sendo mantido por 1 usuário e, desse modo, não pretende esgotar todo o conteúdo do trabalho do professor, mas apenas propor chaves de ordenação, através de exemplos práticos, que possa ser, de algum modo, utilizável, ao menos pelos seus alunos.

Dito isso, não há aqui a intenção de escrever um conteúdo formal, de modo que me dou a liberdade de falar em primeira pessoa e sem tantos requintes. Apesar disso, será aberto para comentários e quaisquer acréscimos que sejam feitos ao conteúdo da pretensa "Wiki" serão devidamente creditados.

Sobre o Autor do Blog:

Formalmente sou aluno do curso de Letras Português, nordestino. Assim sendo, a obra do Olavo se abriu para mim sobretudo pelos aspectos úteis para a vida cotidiana e para minhas investigações pessoais - e informais - na "área" das letras - isto é, a língua em sua estrutura, funcionamento, aplicações e aprendizado.

Tenho contato com o Olavo desde, oficialmente, 2015. Passei um bom tempo investigando-o antes de começar a estudar com ele. Meu início nisso tudo se deu com os choques de realidade que tomei diante das "jornadas de junho" de 2013. Houve questões de cunho pessoal que me moveram a ele, mas uma das coisas que me chamou a atenção foi a sua suposta relação com esses eventos. Desse modo investiguei o quanto pude e eventualmente me convenci de que, ao contrário de ser suspeito, ele era a pessoa a quem eu chamaria de "professor" com maior gosto. Continuei minhas investigações apesar disso, mas ao invés de partir da desconfiança ("Olavo deve estar com treta"), parti, ao contrário, da confiança ("Eu não sei do que ele está falando, mas vou ouvir e tentar um dia entender"). Este acabou se tornando meu método, e é o que prescreve o próprio Olavo de Carvalho, em eco ao grande educador americano Mortimer Adler.

Meu percurso intelectual com Olavo se seguiu, em geral, da seguinte maneira, se bem me recordo:

  • O Jardim das Aflições;
  • Princípios e Métodos da Autoeducação;
  • Curso Online de Filosofia (ao todo até o momento fiz as 54 primeiras aulas e possivelmente mais umas 40 ou 50 soltas);
  • Aristóteles em Nova Perspectiva;
  • Dialética Simbólica (nunca conclui a leitura, vim mexendo em excertos desde então);
  • Imbecil Coletivo II;
  • O Futuro do Pensamento Brasileiro (também não concluí);
  • Nova Era e a Revolução Cultural (não concluí a parte final com artigos);
Ao longo do processo acrescentando-se também apostilas diversas, e no meu processo de absorção da obra do Olavo, foi fundamental a experiência que tive com Mortimer Adler (Como Ler um Livro, A Arte de Ler, Foundations of Science and Mathematics, A General Introduction to the Great Books and to a Liberal Education, excertos do Paidea Proposal comparados com excertos de Paulo Freire, e, enfim, seu Syntopicon e a coleção do Great Books aos quais fiz uso em uma bendita biblioteca que me auxiliou nesse processo). Tive também a oportunidade de descobrir um pouquinho sobre como anda a obra de Mortimer Adler nos EUA, e, pessoalmente, apesar de não ter plena certeza, o que vi me desanimou bastante.

Obviamente se vê que ainda não absorvi quase nada de sua obra, e por essa razão já desde o início aviso que o blog está incompleto. Mas tentarei organizar o material na medida do possível de modo que ele possa ser expandido.

Avisos Necessários

1- É importante frisar que eu não falo aqui em nome do Olavo de Carvalho. Tomo-me por seu aluno, na medida em que aprendo o máximo que posso com ele, mas uma coisa são as ideias dele, outra, diferente, são as minhas. O blog necessariamente implica uma intenção interpretativa, e essa interpretação não só pode estar incorreta (ou incompleta), como, aliás, ser rejeitada pelo próprio Olavo.
2- O blog faz uso de um pseudônimo. Trata-se de um nome que eu gosto de utilizar, visto que o material que produzo não tem intenção nem de ser permanente, muito menos atributivo de qualquer valor (ou desvalor) à minha pessoa. São apenas páginas que espero serem úteis. Certamente, porém, não há um usuário "Vinicius Lesser" que disseminará este material. Então não há propriamente anonimato.
 3- Há uma intenção do Olavo em manter sua obra esparsa. Vim pensando e repensando se valeria a pena montar este blog, não só pelo esforço ou pelo tempo, mas porque ele não foi feito para ser útil para mim. A questão que me coloquei é: "como organizar um material que possa agregar para os alunos?" e acontece que decifrar a filosofia do Olavo por trás das aulas aparentemente tão caóticas é parte do exercício proposto por ele. Então minha tentativa foi organizar um pouco a bagunça para melhorar a percepção dos leitores sem, contudo, dar a resposta final. Não sei se conseguirei - além de ser excessivamente ambicioso e mesmo arrogante-, mas, em todo caso:
4- Na ocasião do pedido por Olavo ou qualquer familiar/amigo que apoie sua obra para o fechamento deste blog, o pedido será levado em conta devidamente. Se for justo, o blog será fechado.

 A Estrutura da Wiki

Na tentativa de elaborar algo que ajudasse a chegar à resposta, sem entregá-la diretamente, e também com a intenção de organizar um pouco que seja a imensa bagunça feita ao redor da figura "Olavo de Carvalho", decidi tentar por encaixar essa barafunda de informações nos seguintes termos:

  1. Fundamentos da obra 
  2. Categorias da obra e do horizonte de consciência da crítica
  3. Efeitos sociais da obra
Assim, é preciso detalhar um pouco cada uma dessas categorias para melhor esclarecer seu funcionamento.

Fundamentos da Obra


Essa chave foi a principal motivadora deste blog. Inspirada nos exercícios musicais que Olavo propõe aqui e ali, e na analogia com o caleidoscópio, a ideia é enxergar a obra dele - principalmente as aulas do COF, que parecem tão caóticas -, como "fenômenos" ou "imagens" que, afinal, apesar de serem diversas, provém de um conjunto finito de elementos. Outra imagem é da obra musical a qual se tenta captar os "motivos", as unidades musicais mínimas, que dão origem a todo o resto.

A proposta apareceu em meio a discussões em que eu, outros alunos do COF e bons amigos, tentávamos achar um jeito de ordenar as aulas. A principal tentativa a que se costuma pensar é ordená-las por temas, mas o feito é ainda mais complicado: não só numa só aula há diversos temas que, vistos por nós, novatos, parecem até mesmo desconexos, como, afinal, são mais de 500 aulas, então o trabalho é imenso. Além do mais, os temas trabalhados por Olavo, como pode-se ver quem adentre um pouco mais em sua obra, são apenas exemplos de um conjunto ainda maior de aplicações possíveis. 

Desse modo, seria preciso elaborar um meio que fosse mais simples, mais útil e que não "fechasse" a sua obra, mas, ao contrário, que permitisse abri-la para novas descobertas. Foi com essa consideração em mente que surgiu o formato: motivo e vocabulário, complementado pela bibliografia. Eis o que significam:

Motivo


Motivo é a unidade mínima. Dada a sua definição constantemente repetida de filosofia: "unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice-versa", tomei por unidades mínimas excertos biográficos. Isso não significa que seja precisa que nos debrucemos imensamente em sua biografia, como velhas mexeriqueiras e sem nada melhor para fazer, mas sim que a autoridade que Olavo tem nos temas não se dá pela quantidade de livros que ele leu, mas sim  seu testemunho pessoal. Este, por sua vez, está nas suas experiências, enriquecidas, aprofundadas, conectadas e analogizadas pelos livros.

Assim, a página "Motivos" contará com uma lista de fatos biográficos, onde, em cada um, tentarei narrar um pouco e revelar exemplos de como esse motivo se manifestou na sua obra, escrita, falada ou vivida. Exemplo: seu trabalho feito junto ao exército para a elaboração do "Exército na História do Brasil", que lhe garantiu a medalha do pacificador no ano de 1999.

Vocabulário


Um outro fundamento seria o vocabulário. As palavras que ele usa, sejam as figuras de linguagem (assíntota, círculos concêntricos), sejam as palavras mais específicas (contemplação amorosa, 12 camadas, perdão metafísico, milagre), cada qual tem uma acepção própria e que passa batido na maioria das vezes até que o aluno paciente possa ir aos poucos estudando, lendo e juntando as peças para adquirir sentidos distintos dos que possui na língua cotidiana. É evidente que montar um "Dicionário da Linguagem do Olavo de Carvalho" não é a pretensão deste blog, e nem poderia ser - visto a imensidão do trabalho para um só pobre diabo. Mas, ao menos em alguns termos principais, acredito que salientá-los e explicá-los, com exemplos tirados de aulas ou livros poderia ser de grande auxílio.

Bibliografia


Last but not least, para melhor proveito dos alunos, gostaria, de um lado, de reunir a bibliografia produzida pelo Olavo de uma maneira mais "visualmente agradável" - visto que, para o leigo, ler o Resumé da página do Olavo não só "não faz sentido" (uma lista de livros sem qualquer outro dado é como ver letrinhas sem significado; ao mesmo tempo, quem é contra Olavo jamais acreditaria no que está escrito. Até eu quando vi a medalha do pacificador ou o prêmio pela biografia de Maomé achei suspeito. A culpa não é do Olavo, é simplesmente que nada dessas coisas são verossímeis para a gente hoje. E isso já é um sintoma de parte do que lhe causa preocupações.

De outro lado, gostaria de tentar reunir o material já produzido de apoio às aulas. Existe o maravilhoso índice - apesar de merecer ser completado -, as explicações de centenas das aulas, apoio à compreensão dos exercícios, tentativas de interpretação do conjunto e, enfim, uma gama de material que merece ser posta, sobretudo para os alunos que se encontram um tanto perdidos.

Passemos agora ao 2º tipo de categoria.

Categorias da Obra e do Horizonte de Consciência da Crítica


Eu ajuntei ambos como a mesma coisa porque nessa categoria gostaria que fosse listado os autores e materiais de interpretação da obra do Olavo, isto é, as reações que ela têm gerado na mídia. Para isso, dividi em 4 chaves, onde a primeira é a mais fundamental e nuclear, e a última a mais externa e, por assim dizer, ocasional. Na medida em que a obra de um "filósofo" (de um intelectual) procure ter unidade, forma-se uma espiral em círculos concêntricos, onde quanto mais se busca entendê-lo de fora, menos se compreende; quanto mais se compreende as categorias mais internas, mais as externas adquirem novo valor. Dito isso, separei 4 categorias de sua obra - e portanto da posições possíveis a partir das quais ela é enxergada:
  • I: Questões Filosóficas;
  • II: Questões de outras áreas, bem como consequências das questões filosóficas
  • III: Postagens do facebook/Comentários cotidianos
  • IV: Fofocas biográficas
Não acho que seja preciso detalhar aqui as especificidades de cada uma. Dito de modo geral, I) as questões filosóficas são obviamente o trabalho principal do Olavo. É quando ele trata sobre contemplação amorosa, sobre o perdão metafísico, sobre o círculo de latência etc.. II) As questões em outras áreas são ou derivadas das suas questões filosóficas ou, por outro lado, fundamentos que o levaram a elas: é sua posição diante do mecanicismo, da ciência, da literatura, da cultura etc.. III) Os comentários cotidianos seriam relativamente inúteis, mas, diante das circunstâncias, qualquer palavra do Olavo é observada com imenso rigor pelos jornais como pelos alunos, de modo que o que seria apenas um diário de curiosidades acaba adquirindo efeitos sociais - assim muitos dos seus "críticos" na verdade estão vendo as coisas no máximo até este ponto, que é o limite de seu interesse, para não arriscar dizer de consciência. IV) Por fim, as fofocas biográficas: diante de tantos detratores, muito do que se comenta sobre Olavo não passa, afinal, de mistificações feitas em torno da sua biografia e que, portanto, não possuem qualquer aprofundamento nas outras três categorias anteriores.


Efeitos Sociais da Obra


Ao final, para tentar cobrir todos os aspectos relevantes da figura Olavo de Carvalho, creio que seria também interessante averiguar sobre os efeitos que sua Obra - tomada em sentido amplo como sendo sua pessoa - tiveram no país. Assim proponho dividir a seção em 3 categorias:
  • 1- Efeitos Culturais, e aqui seria interessante falar sobre a ascensão de novas editoras, o surgimento de novas obras etc.;
  • 2- Efeitos Políticos, visto que é inegável que sua atuação pública na cultura acabou por bagunçar os rumos políticos vigentes, e alguma análise aqui - que não desconsiderasse, obviamente, o conjunto da obra, e suas intenções assumidas publicamente desde o começo - seria no mínimo interessante;
  • 3- Efeitos Sociais, ou a Coletividade contra o Indivíduo. O "anti-olavismo" é um "fenômeno cultural" interessante per se. Eu gostaria de tentar montar um quadro de personagens, na medida do possível, claramente, relacionando-os com Olavo e, junto às outras partes do blog, creio ser possível dar uma medida da distância ou proximidade desses personagens com o "Olavo real". Rodrigo Constantino, Júlio Lemos, Caio Rossi não interessam aqui enquanto pessoas em si - cada pessoa tem direito à sua individualidade e, com ela, às suas intenções, desejos, buscas e, afinal, opiniões -, mas sim enquanto personagens historicamente localizados (o Poeta Ateu se converteu recentemente, por exemplo, então já não mais interessa), com nomes de personagens (que o próprio Olavo utiliza, distinguindo, assim, da pessoa em si), para melhor revelar o drama cômico da narrativa em questão.

Finalizando...


Sei que o texto ficou longo, mas foi necessário. Com essas 3 chaves principais e suas respectivas subcategorias eu creio que seja possível tentar "fisgar" o enigma Olavo de Carvalho. Diga-se de passagem, Olavo não devia ser enigma nenhum, mas a confusão gerada em torno, a imensidade de temas a que ele abriu a alma para conhecer, e, as próprias dificuldades de se viver numa situação que é inverossímil em si mesma, acabam por tornar algo que deveria ser claro como a água em uma espécie de segredo esotérico só visível aos iniciados. 

A situação seria cômica, se fictícia, mas vivida na vida real, é sinal e prática de uma tragédia monstruosa.  Não ser capaz de reconhecer o elevado já é um sinal de tragédia iminente; embaçá-lo a ponto de que fique cada vez mais inacessível ao público é o obscurecimento da única luz que poderia nos orientar no breu que é a existência humana. Prolongue esse processo e imagino que não seja à toa que temamos tanto a noite, ou que as crianças enxerguem monstros no escuro: é porque quando não há mais luz, tudo pode aparecer: um objeto que nos faça tropeçar, um buraco, um predador, não se sabe. Na falta de luz, perde-se qualquer senso de direção. É aqui onde estamos, e o futuro vivido na escuridão não pode ser dos melhores.





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