Este post é só pra servir de extra. Por conta de certas circunstâncias compus este artigo aqui: O poeta da passarela sobre um cordelista humilde da minha cidade. Nele eu encontrei um cordel em particular belíssimo, absurdamente belo. Por mais simples e quebrado aqui e ali, ele revelava sentidos muito profundos, que eu mesmo nem esperaria.
Então, aconteceu de, estando em contato com escritores mais chiques e eruditos da cidade, me veio a inspiração de escrever o tal artigo em homenagem ao cordelista da passarela.
Diferentemente das minhas outras escritas, incluindo esta, o artigo nasceu de fato como uma proposta "literária". E é importante deixar isso em nota para quem gostar desse tipo de coisa: o que veio primeiro não foi propriamente o conteúdo, mas, sim, uma imagem sonora. "Poeta <-> passarela" e "Cordel <-> Manoel" (Manoel é o nome do poeta). Esse som do "l", o ~ela~, o ~el~, que logo lembra o sufixo "-el" dos anjos, foi me trazendo associações. E assim me veio duas ideias ligadas a algo angelical, que compuseram o núcleo dos dois parágrafos principais. Isso me veio enquanto estava na rua indo comprar um remédio para minha alergia nos olhos.
Quando parei pude compor o artigo. Ênfase, na medida do possível, nos sons de "L", e que lembrasse essa associação sonora poeta-passarela, fui compondo as partes com base em conhecimentos e ideias que já tinha. Calhou de um desses ser justamente chamado também Manoel, o que, se eu tivesse tido gosto e mais tempo, daria para recompor o artigo todo por contraste entre os dois compadres, o popular gigante e o erudito fracote.
Seja como for, a maneira específica de compor foi para um jornal online local, então eu citei referências locais (Horto de Auta de Sousa e os dois Manoeis) mesclada a nacionais (Manuel Bandeira), encaixando a coisa toda com um esforço por ensinar o que é literatura, para que serve, como ler etc., ao mesmo tempo em que colocava tudo numa forma combativa: o que é a boa literatura, ao mesmo tempo em que apresentava a má literatura e nela batia para ilustração e aprendizado do leitor.
Apesar de não ter detalhado nem trabalho mais do que naquele momento específico a ideia do artigo, eu o achei bom. Particularmente não fiquei feliz em compor algo no estilo combativo, por temperamento mesmo, mas quando terminei consegui entender melhor o estilo do Olavo, inclusive.
Vale a pena testar os meios de composição pra aprender.
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